Ivan Nunes de Castro é CEO e Co-Founder da Winning Sales, especialista em Go-To-Market e crescimento previsível para empresas SaaS B2B.

Com mais de 8 anos de experiência em vendas no Brasil e nos Estados Unidos, já ajudou negócios a ultrapassarem 150 milhões em ARR.

Atua desenvolvendo estratégias de vendas escaláveis, formando equipes de alta performance e gerando demanda B2B sustentável.

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Índice

Processo de Vendas B2B: Engenharia de compra

O que falta não é esforço comercial, é um sistema para orquestrar a compra. Você cumpre a agenda, faz uma ótima reunião e… semanas depois o deal evapora. O ciclo estica, o forecast derrapa, o CAC explode.

Você domina o básico, mas percebe que o processo de vendas B2B exige navegar a política interna: múltiplos decisores, prioridades concorrentes e um CFO cético.

Aqui está o playbook operacional: qualificação avançada, engajamento multi-stakeholder, business case e compromissos progressivos. Na prática, vamos do gancho à ação — e começamos pelo problema real.

Onde o processo de vendas B2B quebra (e por quê)?

Quando a Qualificação de Leads não mede prioridade executiva e impacto em métricas, todo deal parece promissor — até estacionar. Previsibilidade quebra quando confundimos atividade com avanço no Funil de Vendas.

Diagnóstico raso gera propostas sem caso de negócio; sem champion, a compra morre na política interna. O resultado: CAC alto, pipeline inflado por Leads fora do ICP e forecast que ignora probabilidade real por estágio do CRM.

Em vendas complexas, a apresentação focada em features não traduz valor financeiro, e negociação sem mapa de decisores vira leilão de preço. Isso significa que ótimos vendedores ficam reféns de variáveis invisíveis: risco percebido, timing orçamentário e alinhamento entre usuário, gestor, financeiro e executivo.

Sem rituais de governança no CRM (exit-criteria claros), criamos histórias, não decisões.

  • Prospecção desconectada do ICP gera leads desqualificados e dispersão de esforço.
  • Qualificação superficial (só BANT) ignora dor latente e prioridade executiva.
  • Apresentações centradas em features sem traduzir em valor financeiro.
  • Negociação sem campeão e sem mapa de decisores vira guerra de preço.
  • Pós-venda reativo, sem provar ROI e sem expandir.

Quanto isso custa em ciclo, CAC e previsibilidade?

No mundo real, compras B2B envolvem uma comissão de 6 a 11 stakeholders. Gartner reporta aumentos consistentes no número de stakeholders ao longo dos anos, chegando a quase 20 em casos complexos. Quanto mais gente, mais consenso a construir, mais risco percebido e mais pontos de veto. Cada novo decisor sem narrativa própria adiciona semanas ao ciclo e corrói sua taxa de conversão.

Sem orquestrar o processo interno, o ciclo se arrasta e o forecast se torna palpite. Além disso, o comprador se autoeduca. Pesquisas da Gartner indicam que apenas 17% da jornada é passada com fornecedores, podendo cair para 5% por vendedor. Tradução: você controla pouco o tempo de reunião, mas pode controlar como a organização compra. Some a isso a paralisia documentada pela Forrester: quase 90% dos compradores vivenciam compras congeladas por orçamento e sobrecarga de informação. Sem business case e checkpoints, seu deal vira “boa ideia” na pilha errada.

Compras B2B envolvem em média 11 stakeholders e os compradores passam só 5–17% da jornada com vendedores. Fontes: Gartner 2021; Gartner 2019/2020, estudos independentes confirmam.

Essa realidade impõe uma nova régua de qualidade para o processo.

Se amanhã o CFO exigir o payback do projeto, você tem o número? Se não, você não está em posição de fechar. E se o CTO pedir riscos e TCO? Documente antes.

Essa é a régua de qualidade: se você não consegue responder CFO e CTO com dados, o deal não está pronto para a proposta final.

A virada: venda menos, engenhe a compra (navegação política + disciplina)

Engenharia da compra é mapear decisores, construir um champion, quantificar impacto e conduzir compromissos progressivos. Minha tese operativa é simples: previsibilidade nasce do cruzamento entre disciplina processual e navegação política. Em vez de empurrar features, extraímos evidências de dor, traduzimos em impacto financeiro/operacional e alinhamos risco e cronograma. O champion vira coproprietário do caso de negócio e abre portas executivas; sem ele, é melhor pausar cedo do que carregar ilusão no pipeline.

Quando cada interação produz uma evidência (métrica, sponsor, critério), o Ciclo de Vendas encurta e o forecast melhora. Essa abordagem exige checklists por etapa, perguntas que viram dados e um CRM vivo que governa decisões, não relatos. Líderes precisam viver o processo: revisar pipeline por exit-criteria, treinar linguagem executiva e reforçar a disciplina. O próximo passo é reprogramar as etapas clássicas para refletir essa engenharia da compra.

Cada stakeholder fala uma língua diferente: CEO fala crescimento. CFO fala custo. CTO fala arquitetura. Seja fluente nas três, na mesma reunião.

Nosso playbook traduz features nessas três línguas em cada etapa do Funil de Vendas. Agora, reprogramamos as etapas canônicas para B2B complexo.

As etapas canônicas, reprogramadas para B2B (o que muda)

O CRM deixa de ser diário de bordo e vira motor de decisão. No B2B, diferente do B2C, ciclo, ticket médio e risco exigem Venda Consultiva com rigor de governança. O que muda? O foco de cada etapa. Em vez de “seguir o roteiro”, cada estágio comprova avanço com evidências objetivas: dor mensurável, sponsor, ROI modelado, risco mitigado. Abaixo, paridade de etapas com ênfase no “como” avançado que acelera ciclo e mantém previsibilidade.

  • Priorize ICP e hipóteses de dor: não foque apenas em volume na prospecção.
  • Valide prioridade e champion: não apenas orçamento na qualificação.
  • Converta conversa em evidência: use o diagnóstico para mapear Situação, Problema, Implicação e Necessidade.
  • Traduza feature em impacto: sua apresentação ou proposta deve focar no resultado financeiro/operacional.
  • Alinhe risco e cronograma: use a negociação para definir checkpoints mensuráveis.
  • Mantenha a solução na pauta: o fechamento depende de um caso de negócio sólido.
  • Prove ROI e expanda: o pós-venda é a alavanca para novas oportunidades (land & expand).

O playbook operacional em 6 blocos (pronto para usar)

Base: ICP e CRM que dirigem foco e governança

Pipeline review semanal decide sim/não/pausar, não conta histórias. Comece pelo ICP: quem sente a dor que você resolve, em que contexto e com quais métricas. Um ICP claro direciona listas, mensagens e priorização.

No CRM, desenhe stages e exit-criteria objetivos por etapa, com campos obrigatórios que viram dados acionáveis. Empresas com CRM bem implementado reportam ganhos relevantes de precisão de forecast e produtividade.

Trave automações para tarefas, checklists de discovery e geração de atividades. Assim, o processo de vendas B2B deixa de depender de memória e vira governança visível.

  • ICP: setor, tamanho/complexidade, trigger de compra, dores mensuráveis, maturidade.
  • CRM: exit-criteria por stage; campos obrigatórios; checklist de discovery; tarefas automáticas.
  • Ritual: pipeline review semanal focado em decisões, não em histórias.

Qualificação avançada: dor latente, prioridade e champion

Sem champion com agenda executiva e sem métrica que doa, pause ou requalifique.

Qualifique além do BANT.

Sinais-chave:

1) dor latente expressa em métricas (SLA, retrabalho, CAC, margem);

2) prioridade executiva ligada a OKRs;

3) janela orçamentária e urgência;

4) owner interno com influência real (o champion);

5) acesso a dados para provar ROI. Meça pedindo números atuais e impactos esperados; se não vierem, é sinal de risco de paralisia. Decisão: avança com compromisso progressivo (workshop/POC) ou sai.

Você tem acesso a métricas que importam pro seu comprador? Entende o estado atual delas e impacto? Se a resposta for “talvez”, seu discovery ainda é superficial.

Padrão de qualidade: cada avanço deve produzir evidência mensurável ou um sponsor adicional. Sem isso, não envie proposta final.

Diagnóstico em camadas: transforme conversa em evidência

Use o framework SPIN para transformar conversas em evidências objetivas. Adapte-o para gerar dados. Situação: mapeie processo e métricas atuais. Problema: quantifique perdas de tempo/custo e gargalos. Implicação: conecte ao risco de meta/OKR. Necessidade: defina o resultado mínimo que prova valor no 1º trimestre. Prioridade e risco entram cedo para evitar falsas promessas. Ao final, você terá baseline e hipóteses para POC e ROI.

  • Situação: “Quais métricas definem sucesso neste processo hoje?”
  • Problema: “Onde você perde mais tempo/custo?”
  • Implicação: “Se nada mudar em 90 dias, o que acontece com a meta?”
  • Necessidade: “Que resultado provaria valor já no 1º trimestre?”
  • Prioridade: “Quem além de você é impactado/mede isso?”
  • Risco: “Que riscos tornariam este projeto inviável?”

Engajar múltiplos decisores: mapa, linguagem e influência

Mapeie os stakeholders, construa um champion e traduza sua mensagem para cada um. Múltiplos decisores são a regra. Mapeie Usuário/Técnico, Gestor/Operação, Financeiro (CFO) e Executivo (C-level): cada um mede valor por uma lente. Para avançar, defina mensagens e entregáveis por etapa e construa um champion que conecte agendas. Traga o CFO cedo com payback/TCO; alinhe o CTO com riscos e arquitetura; mantenha o Executivo no eixo impacto-risco. Estudos de mercado mostram 6–11 decisores na média — trate o processo como um projeto de mudança.

PerfilFala a língua deMétricas/DoresEstratégia por etapa
Usuário/TécnicoEficiênciaRetrabalho, erros, tempoDiscovery: mapear fluxo. Prova: POC focada em adoção.
Gestor/OperaçãoProdutividadeSLAs, throughput, metasDiagnóstico: gargalos. Proposta: ganhos por time.
Financeiro (CFO)Custo/ROIPayback, TCO, CACBusiness case: sensibilidade. Negociação: termos de risco.
Executivo (C-level)Crescimento/RiscoReceita, margem, riscoQuadrante: impacto vs. risco. Roadmap executivo.

Business case e ROI: do recurso ao impacto financeiro

Traduza features em impacto financeiro e de risco para o negócio. Comece pelo baseline (tempo, erro, CAC, margem), defina alavancas (automação, conversão, redução de retrabalho) e seus supostos. Modele três cenários (conservador, base, agressivo) com payback e sensibilidade.

CFOs priorizam valor claro e alinhado a objetivos — traga TCO, riscos e plano de mitigação. Feche com um compromisso: revisar o modelo com o financeiro do cliente antes da proposta final.

Assista ao vídeo abaixo para um guia prático sobre como construir um business case que ressoa com o C-level.

Com o caso de negócio bem estruturado, o próximo passo é garantir que o deal não perca tração.

Compromissos progressivos: reduza risco e acelere o sim

Use marcos de baixo risco para evitar o congelamento do deal. Evite o “tudo ou nada” substituindo-o por etapas de validação. Coframe com o cliente os critérios de sucesso, execute uma Prova de Conceito (POC) curta com métricas objetivas e envolva o financeiro cedo. Traga o executivo para validar risco/cronograma e feche com um rascunho de SOW e plano de adoção. Cada checkpoint precisa de dono, data e evidência mensurável.

  • Defina critérios de sucesso: alinhe com o time técnico e o gestor da área.
  • Execute uma POC curta: 10-14 dias com métricas e um “stop/go” objetivo.
  • Conduza um workshop de ROI: apresente e valide os números com o financeiro.
  • Faça uma revisão executiva: alinhe risco, cronograma e responsáveis.
  • Prepare um rascunho do SOW: inclua um plano de adoção claro.

Como lidar com múltiplos decisores (mini-framework pronto)

Sem evidência, não há avanço no stage do seu CRM. O método mais eficaz envolve três passos: Mapear, Orquestrar e Medir. Documente as métricas que importam para cada perfil, conecte-os a marcos de valor e meça o progresso por ações concretas, não por sentimento. Use a tabela de controle abaixo nas suas pipeline reviews semanais.

  • Mapear: Identifique quem influencia, quem assina e quem pode bloquear a compra.
  • Orquestrar: Conecte os perfis técnico, gestor e financeiro a compromissos progressivos.
  • Medir: Avance o deal com base em evidências como intros executivas, ROI validado e patrocínio explícito.
SinalMediçãoDecisão
Champion ativoNº de intros executivas e follow-upsSem champion → estagnar no discovery.
Alinhamento financeiroPayback/TCO validados pelo CFOSem ROI acordado → não enviar proposta final.
Trilha de valorPOC atingiu critérios?Falhou critério → renegociar escopo antes do preço.
Padrinho executivoPatrocínio em revisão trimestralSem patrocínio → elevar com champion ou sair.

Gerencie a máquina: cadências, métricas e rituais

Decisões-chave são avançar, requalificar ou sair — sem zona cinzenta. Estabeleça cadências: daily para prioridades do dia; weekly para pipeline por estágio/risco; monthly para lições e ajustes no playbook. Métricas por stage: velocidade, win-rate, valor em risco e taxa de avanço por exit-criteria. Um CRM vivo, com dashboards claros, aumenta a precisão do forecast e a produtividade.

O vídeo a seguir detalha como configurar rituais de gestão e dashboards que realmente funcionam.

Com a máquina de gestão azeitada, veja o que fazer nos próximos 14 dias para colocar tudo em prática.

Próximo passo: seu roteiro de 14 dias

Execute este plano para transformar teoria em ação imediata. Feche a quinzena com um compromisso progressivo agendado em cada conta ativa que se encaixa no seu perfil ideal de cliente.

  • Dias 1–2: Defina ou valide seu ICP e os gatilhos de compra.
  • Dias 3–5: Construa um script de discovery focado em métricas e hipóteses de dor.
  • Dias 6–8: Desenhe o mapa de decisores e sua tese de como construir um champion.
  • Dias 9–10: Estabeleça critérios claros para uma POC e mapeie os riscos.
  • Dias 11–12: Modele um business case padrão (baseline + cenários + payback).
  • Dias 13–14: Rode uma pipeline review baseada em exit-criteria e agende workshops.

FAQ: Processo de vendas B2B — respostas diretas

Quais são as etapas do processo de vendas B2B?

As etapas são: prospecção, qualificação, diagnóstico, proposta, negociação, fechamento e pós-venda. Em B2B, cada etapa exige evidência: champion, ROI, risco/cronograma e adoção, tudo governado no CRM.

Qual a diferença entre vendas B2B e B2C?

B2B envolve múltiplos decisores, ciclos longos e Ticket Médio maior, exigindo uma Venda Consultiva com caso de negócio e navegação política. B2C é tipicamente transacional, rápido e focado em um único comprador.

Como otimizar o processo de vendas B2B?

Defina um ICP rigoroso, instale exit-criteria no CRM e implemente compromissos progressivos (POC, workshop de ROI). Meça o avanço por evidências concretas, não por sentimento, e treine a equipe em linguagem executiva.

Como definir o perfil de cliente ideal (ICP)?

Combine dados demográficos (setor, tamanho) com fatores comportamentais e contextuais (triggers de compra, dores mensuráveis). Valide com dados históricos para priorizar contas com alto fit e urgência real.

Quais as melhores ferramentas para vendas B2B?

Um CRM robusto e bem adotado é o núcleo. Adicione ferramentas de automação de tarefas, inteligência de dados para prospecção e dashboards de forecast. Priorize usabilidade para garantir a governança dos dados.

Quais métricas/KPIs importam?

Foque em velocidade por estágio, win-rate por ICP, valor em risco, tempo até o primeiro valor (ex: POC bem-sucedida), CAC e payback. No pós-venda, acompanhe métricas de adoção e expansão (cross-sell/upsell).

Ivan Nunes de Castro é CEO & Co-Founder da Winning Sales, especialista em Go-To-Market (GTM) e crescimento previsível para empresas SaaS B2B.

Com mais de 8 anos de experiência em vendas no Brasil e nos Estados Unidos, já ajudou negócios a ultrapassarem 150 milhões em ARR

Áreas-chave: SaaS Sales Strategy · Go-To-Market B2B · Demand Generation · Inside Sales · Gestão Comercial · Escalabilidade de Receita · Cultura de Alta Performance

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